Segundo Gadotti (cit por Veiga, 2001, p. 18), “todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores”.
O curso de Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia teve início em 1999 para atender a demanda e a necessidade regional da formação de novos profissionais para o grande fluxo de pacientes e hospitais localizados em Uberlândia e região.
O Projeto Pedagógico original do curso era baseado no currículo aprovado pelo MEC com as disciplinas básicas do curso e visava somente à formação de profissionais para o mercado de trabalho.
Saindo do período de conforto descrito por Gadotti, o corpo docente do curso de graduação em Enfermagem notou em 2004 o dever de uma reformulação do Projeto Pedagógico original uma vez que foi constatada a necessidade de atender também o perfil do profissional egresso e para visar à formação de profissionais licenciados para suprir uma demanda na área de educação que foi sentida pelos profissionais.
Tendo como base esse requisitos foram então estabelecidos os preceitos que norteariam a construção e elaboração do novo projeto, estes preceitos eram: “saúde enquanto qualidade de vida; Enfermagem como prática social; o cuidado como objeto de trabalho da Enfermagem; o trabalho em saúde como prática multiprofissional e intersetorial; a indissociabilidade entre o ensino, pesquisa, extensão e serviço; a formação do professor de Enfermagem para a educação básica e profissional; a ética como referencial orientador das ações educacionais e profissionais e; a avaliação emancipatória como componente do processo educativo” (Currículo Pleno de Enfermagem).
Com os conceitos prontos ficou então preconizado que o próximo passo seria definir o projeto por núcleos de formação, com isso ocorreu a integração de disciplinas afins, a formação de bacharéis e licenciados ao longo de quatro anos e a possibilidade da criação e participação de projetos de pesquisa e extensão realizadas individualmente ou como parte das horas obrigatórias de estagio contidas na resolução do currículo.
Com o novo Currículo e o novo Projeto prontos o curso de enfermagem entra então no período de instabilidade definido por Gadotti. O curso para uma melhor formação e atendimentos dos novos alunos deixa de ser aplicado somente no período noturno e passa a ser ministrado de forma integral para as novas turmas ingressantes.
Ainda neste período turbulento para atender o novo projeto do curso era necessária a contratação de novos professores capacitados que possuíssem competências didáticas para ministrarem as disciplinas respectivas a sua formação, sendo essas competências a experiência na conduta com os alunos, a didática na transmissão dos conhecimentos e os saberes científicos dos mesmos.
Passado o período de instabilidade do curso e tendo sido concertadas as “rupturas” constatadas no projeto inicial e com o novo pronto, com novos professores capacitados e com as novas disciplinas determinadas o curso começou a funcionar de maneira harmônica e eficaz.
Assim, depois da visão da real necessidade ambiental, o Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem foi montado visando não somente o aluno enquanto graduando como também o egresso, de modo a oferecer uma educação continuada atendendo a todas as necessidades percebidas oferecendo uma melhor formação ao profissional Enfermeiro.
Referências:
[1] Currículo Pleno de Enfermagem
[2] Site: http://www.famed.ufu.br/sub/3/histarico/
[3] Currículo de Enfermagem MEC
[4] VEIGA, I. P. A. (Org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 23. ed. Campinas: Papirus, 2001.
Vanessa Cotian, Camila Ferraz, Mariana Barra, Paulo Henrique.